quarta-feira, 7 de julho de 2010

CÁRCERE HOSPITALAR

Quanto mais envelheço,
Mais meu corpo arde e minha alma chora o passado.
As dores insuportáveis das enfermidades
Rasga-me a carne e joga-me num cárcere hospitalar.
Este mal incurável que me abate
É o prenúncio da morte lenta
Que invade todo meu ser com este terrível sofrimento.
O remorso, antes, arredio dos meus sentimentos,
Agora, consume minha mente impondo-me
Um amanhã de incertezas. Quando saudável,
O prazer de mostrar-me arrogante diante dos humildes ,
Enchia-me o espírito de vaidade
E meu ego explodia de superioridade.
Hoje, devorado pelos vermes das enfermidades,
Sinto-me rejeitado, imprestável, um ser inútil.
Meus sentimentos torpes e fúteis,
Eram satisfações de minhas vontades
E realizações dos meus desejos.
Agora, jogado neste leito branco e pútrido
Acho-me num sepulcro caiado
Esmagado com as lembranças do passado.
Essas lembranças impõe ao meu espírito
A tortura dos culpados e a certeza que partirei
Para eternidade com a alma endividada.

JOSE AUGUSTO CAVALCANTE

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