quarta-feira, 7 de julho de 2010
FILHO AVARENTO
Mãe, depois que cresci e me fiz homem
jamais te busquei pra compartilhar
de minhas alegrias, logo você
que me ama com idolatria, que um dia
num ato de amor, num gesto de dor,
chorou, gritou, sofreu, sorriu, deu-me a luz,
em seguida gradeceu a Jesus por minha vinda,
me pôs no colo do seu jeito, alimentou-me no peito,
quer cuidar de mim ainda.
Não entende que sou rico e importante,
fiquei avarento e arrogante, jamais tive tempo pra você,
lembro-me das poucas visitas que lhe fiz,
quanto tempo perdi e foram apenas monólogos,
um até logo e mesmo assim encheu-me a paciência,
reclamando minha ausência com mesmo papo furado,
querendo dá-me um abraço, chamando-me de filhinho,
eu saindo de fininho pra você não perceber.
Quando é que você vai entender que fiquei rico
e importante, tenho dinheiro, amigos, mulheres e amantes,
não posso perder tempo com você.
Agora...que estou velho, prostrado, doente e rejeitado,
percebo a morte lenta chegando voraz,
tudo que conquistei vão ficando para traz,
meus bens que tanto amei irão se dividir,
pessoas que não conheci irão usufruir
e ainda irão ri de minha estupidez.
Os parentes que me amavam e não ajudei,
Noutra vida Deus não permitirá a eles o mesmo apego,
Para que eu sinta e sofra a dor do desprezo
Das pessoas que tanto me amaram e eu desprezei.
José Augusto Cavalcante
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